quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Especial - Rap: Força de expressão contra a opressão


          O Rap é um estilo musical composto de rimas e poesias acompanhadas por uma batida. Transladado para o Brasil dos Estados Unidos (país que universalizou o estilo), tal música tornou-se um meio de expressão das periferias de quase todas as cidades urbanas do Brasil. Atualmente, devido à inclusão digital e, consequentemente, ao meio fácil e gratuito de divulgação dos músicos independentes, o rap ganha força e promove a “democratização” do cenário musical.
         Originado do R&B, o rap é um dos cinco pilares fundamentais do hip-hop. Desenvolveu-se na Jamaica, nos anos 60, e semeou nas terras do Tio Sam depois de uma forte imigração de jovens jamaicanos no país. O rap foi disseminando nos guetos de Nova Iorque na década de 70 e, anos depois, tornou-se um mercado popular e lucrativo. O Rap é, mais do que um gênero musical, um estilo de vida. Vários elementos estão associados ao estilo: os duelos musicais, a liberdade da rua, a imagem do MC (os cantores de Rap, abreviatura para mestre de cerimônias), a força da palavra e a voz dos marginalizados.
          Atualmente, nos EUA, a demanda mercadológica criou uma classe de rappers ricos, que falam apenas de carros, mulheres e bebidas. Porém, a significação do rap no Brasil é diferente: continua sendo um estilo de protesto, contra a desigualdade social, a violência e o preconceito racial. Está em um mercado emergente e em ascensão.
Banda de Rap brasileiro: 157 Nervoso
Segundo o lingüista e compositor Luiz Tatit, o rap-canção passou a representar “a mais pura essência da linguagem da canção pela proximidade que mantém com a fala”. Uma “canção” que, diga-se de passagem, está mais relacionado ao canto, pois o rap é formado mais pelo seu discurso e letra do que pela importância de sua melodia. O pesquisado musical José Ramos Tinhorão fala, em suas pesquisas, da proximidade do rap com o canto-chão (ou canto gregoriano, originado de cerimônias da liturgia católica do século IX). O rap é um estilo que retoma às origens da música ocidental, pois volta “à música da palavra”. Em entrevista dada ao programa Roda-Viva, em 2000, Tinhorão opinou sobre o brasileirismo do rap: “o rap tem uma coisa interessante para falar. O rap é a embolada [gênero musical nordestino com melodia declamatória e versos cantados rapidamente]. É embolada de americano. Esse negócio de pegar a linguagem falada e pegar o próprio ritmo das palavras como se fosse música, isso é o que a embolada já fazia: "Espingarda, pa, pa, pa, pa...", com um pouco mais de melodia. Então, o americano não vem que não tem. O rap já estava inventado no Brasil com o nome de embolada há muito tempo”.
               Mais do que canto ou estilo, o rap é expressão, é poder das palavras. Torna-se, nas periferias das grandes capitais, uma forma de resistência à violência que ronda esses meios. Algumas pessoas tiveram a oportunidade de sair do caminho “determinado” por essa realidade para promoverem e produzirem essa expressão artística. “A saída não é matar o trabalhador, tampouco se matar trabalhando, mas transformar a precariedade e o desafio em letra de música, como se fosse uma denúncia”, disse um dos rappers mais conhecidos no Brasil, MV Bill.


Mais sobre esse estilo musical, ouça a rádio Facom e confira todas as sextas, a partir das 16h, o programa Espaço Rap, comandado pelo nosso monitor da tarde Elton Andrade.

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